Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS Ah! Custou-me seis bolos tanta glória, pois, Ana Leite, ingênua, prazentera, mostrou-a à professora fuxiqueira, que a mandou ao papai, contando a história. Saí da Escola..Primária, fui estudar no Ateneu. Dirigia o Educandário, com brilho extraordinário, o doutor Pinto de Abreu. Em novecentos e quatro, um caso triste ocorreu: Mãe, que, ainda hoje idolatro, coitadinha, faleceu. Meu pai, segun– do sargento do 21 Batalhão, seguiu num destacamento, servindo de capitão. Foi armado de fuzil, granadas e dinamite, para a questão de limite, entre a Bolívia e o Brasil. Eramos cinco garôtos: Aristóteles e Mauro, Pinagé, Jo– nathas, Lauro, que era o mais novo dos brôtos. Ficamos ór– fãos maternos, nessa vida de menino. Foi o maior dos infer– nos para o meu tio João Lino. Homem pobre, deserdado, trin– ta e seis anos vividos, ganhava um parco ordenado, na Fábrica de Tecidos. Resolví deLxar o estudo e trabalhar num jornal, junto ao tenente Cascudo, pai do Câmara atual. Fiz do jornal, evange– lho. "A REPúBLICA", de então, direção do Pedro Velho de Albuquerque Maran~ão. Apr~ndí tipografia, enchendo meu ga– leão, por dois cruzados, ao dia, dava bem para o pirão. Certo dia, pensei mudar de sorte, deixando meus irmãos ao "Deus dará". Séndo já bom artista, vim ao norte e ingres– sei na ":A Província do Pará". Diz o adágio: "matuto na cidade, é fôrça de negócio". E eu, bom chapista, dois anos trabalhei numa r evista - a REVISTA PARAENSE, de verdade. Eduardo Filho, Artunio, Ayrez Palmeira, Bruno, Humberto de Campos, João Crolet El– mano de Queiroz, Rocha Moreira, Vespaziano e Rodrigue~ Pi– nagé. Eis a corpor~ção redacional, que dirigia a clássica re– vista. Técnico, padre, poeta, jornalista, o que havia de escol, na capital. Então, duas facções - conservadores e lauristas _ en– frentam-se na taba, queimando o ninho de corós cantores des- truindo a 'aldeia do morubixada. ' Trinta meses depois ... 1:11mo à ~ragança, eu e Vespa– siano. De uma a uma, reconqmstamos forças e esperanças. Eu sentí "ASAS", e êl~ COISA A~GUMA. Tivemos de emoções quadras fagueiras! Tempos felizes que recordo aqui! ile fa– zendo versos às palme~as, e eu, versos e canções ao Jiquiri; Fugimos, outra vez 1 pISando escolhos. ,Eu, trouxe amores, e êle embevecido, trouxe "o canto dos passaros no ouvido e 0 ret~ato das arvores nos olhos! "Eu, trouxe orvalhos para a mi– nha aurora! Esta, que era mulher e que hoje é santa! Casta- -56-
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