Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS sim para falar em nome do coração, deixar falar apenas o c~– ração. Não o MEU coração, mas o de todos. os que, no Para, amam a Poesia e os Poetas e, sobretudo, admiram o fulgurante Poeta que é Rodrigues Pinag~. Não estou ~q~i- nesta tribu1!a para ME recomendar aos ouv~ntes, ~om a .e_x1b1çao de uma fa– cil repetição de títulos e cons1deraçoes poeticas, com o bosque– jo, pelo tempo_ e portanto pela hist_ória, sôbre.cumiadas de ins· piração, e, assim, recolher e repetir que aquele poeta era ma– ravilhoso e que êste foi precursor e outro impostor. Não es– tou aqui para, em nome da Academia, lembrar outros fátos e outros tipos do potas. Não seria correto abandonar o tema agradável da presença de Rodrigues Pinagé, nas letras paraen· ses para, pedantescamente, exibir uma fila de nomes conhecidos de todos nós e, mal_baratando expressões e pensamentos, pas– seiar em galeras iluminadas - fanadas núpcias literárias. Não seria senão uma abstração aos nossos prazeres e as nossas fi– nalidades nêste instante em que o que acima de tudo deseja– mos é, nada mais nada menos, do que ouvir o cantar da cas-• cata e ver a linfa fluir atravé~ da palavra do poeta do príncipe da poesia paraense, o nosso muito querido Rodrigues Pinagé. Eu estou aq':!i, simplesmente, por capricho dos traça· dos do destino, daquele traçado que Joaquim Nabuco citou co– mo descuidado e i1n:portante risco de uma criança. Estou aqui no lugar de um poeta, pois um poeta somente é capaz de sau– dar outro poeta, uma poesia somente se equivale a uma poe– sia, um verso não pode ser comparável senão a um verso, e à rima e ao rítmo nada mais se equivale nas letras eternas. Não estou aqui para tentar definir o ritmo da poesia e da vida de Pinagé, mas para reafirmar a soberania do litmo uni– versal, que é o centro, comando e destino. Fóra do rítmo nada acontece sob céus e sôbre aguas e terras. Sem a beleza do rít– mo e da alegria sonora do rítmo tudo é angustioso e triste co .. mo um grito de dor. Sem o· litmo não viveriam os poetas e as crianças, duas belas produções dos requintes musicais de Deus. Estou aquí, ainda, para, em nome da Academia Paraense de Letras, em nome de cada um dos seus membros, em nome da Harmonia e do Extase, em nome da Beleza e da Cultura em nome· das Artes e dos Astros, em nome da Graça e da Ter~ura _ agradecer a chegada até êste pobre gaguejador, no grugu– lejo destas notas, que ferem e assustam, a chegada dêste Sol que me banha e vivifica para poder saudar Rodrigues Pinagé. E que Sol ~ êsse? Que L1;1z é_ess~ que assim me reco– bre de fôrças? Que banhad~ cristalmo_ e. esse_? É a inspira– dora presença de todos os amigos do ~nn~1pe, e a paciente au– dição de todos os amigos da Academia, e a própria· Academia -50-

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