Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Fêz isto, fêz aquilo, fêz o diabo. Ora, se vou contar o meu passado, Palavra d'honra! - nunca mais acabô. Era assim Jaques Flores, alegre, sentimental, irônico, uma inteligência vivaz servida por um coração imenso. Foi o único, dentre os homenageados de hoje, que tive oportunidade de conhecer de perto. E entre nós ocorreu um episódio que bem revela a sua alma e o seu caráter. Certa vez, faz mais de 10 anos, fui procurado na Assembléia Legislativa, onde a êsse tempo eu tinha assento, por um amigo que se fa– zia acompanhar de Jaques Flores. Este alimen~av~ certa pre– tensão junto àquele Poder, que me pareceu justíssima. Atendi o seu pedido. Nunca mais o seu coração esqueçeu a pequena gentileza que desinteressadamente eu lhe fizera. Todos os anos, nas proximidades das festas natalinas, p~der-me-ià faltar tudo, menos a mensagem amiga de Jaques: um telegrama que invariavelmente me enviára através do serviço postal do Depar– tamento em que trabalhava. Era a gratidão - essa flôr que não brota em corações mal formados - que se fazia presente, to– dos os anos, no mês de dezembro, numa mensagem de estima e de reconhecimento. Por isso, foi para mim motivo de íntima alegria substi– tui-lo nesta Casa e acredito que o destino lhe haja proporcio– nado esta última forma de manifestar a afinidade que se estabe– leceu entre nós dois, e que êle fazia questão de não esquecer. Srs. Acadêmicos, envidarei esforços para, nesta Academia, não desmerecer de suas tradições, dentro de minhas falíveis energias humanas. . . e mortais. --- 47 -.

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