Revista da Academia Paraense de Letras 1964
RE.VISTA DA ACADEM IA PARAENSE DE LETRAS O Remundo, a compra olhando Não se mostrou satisfeito, E ficou mesmo pensando Que aquilo não tinha geito Zangado, disse, por fim, Como quem alivio busca : - Mas pra quê, nhô Serafim, Vancê comprú tanta rusca?" É interessante ressaltar que o poeta mantem na sua pu– reza primitiva o linguajar do homem do povo. E retrata tipos, costumes, paisagens, realizando um trabalho, no gênero, mui· to original e cheio de côres vivas da região : Vejamos : Sentado aqui no terreiro entaniço um tipity. Lá dos fundos vem um cheiro de peixe no tucupy. Trazendo ao hombro um paneiro pelo meio de assahy Surge, na estrada lampeiro, dos Castros o mais gury. E esta outra : Maré cheia. Aguas vivas. Sol no poente. As sombras descem lentas. Anoitece. Um acauan, com o seu cantar dolente, Lembra a hora do jantar e a hora da prece. Ao sabor marulhante da corrente, Uma canoa pelo rio desce. E dos seus remos o bater parece Abrir feridas na agua, mansamente. Um grito ecôa ao longe. E, compassado, (Algum páu lá na mata estão cortando) Ouve-se o baque surdo de um machado ... E, antes que -~ noite o seu negror encene, Na pôpa da _canôa, nnô Armando, Limpa e ageita o farol de querozene.
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