Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE .LETRAS Seus versos eram simples, descreviam em geral ce– nários e episódios locais, fatos da vidl,l quotidiana, tQ.dos êles com muito humor, chiste, uma graça no dizer que provocava risos incontidos em todos que o liam ou ouviam. Reproduzo a seguir alguns versos seus ri~sse gênero : sentindo as pernas dormentes. - "Não tem ninguém. Tão pra roça", Diz a Ana, mostrando os dentes. i / Querendo, então, fazer troça, Ouvir cousas ·inocentes, . Pergunto à Ana, que se coça, Os nomes dos· seus parentes. - "Nho tio se chama Lóro. A finada era Godença. Tenho um prêmo que é Libóro. Cóstódia, nhá avó, Assunção. Nhá mãe se chama Terença E Nho pae Sebastião!" E êste soneto : No Ver-o-Pêso, o Remundo, Que, no gole, não faz graça, Enfim cheguei à palhoça, Cavou dinheiro no fundo, Mandou comprar de cachaça. Da compra foi incumbido O nho tio Serafim Que depressa, sacudido rumou logo a um botequim. Como o Renato sentisse, Fome danada, do racha, Ao Serafim êle disse Que comprasse "umas bulacha" Com dois mil réis, alma ufana Serafim fêz um comprão : Mil novecentos de "canna" E de roscas um tostão. -43-
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