Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS "Belém-Nova", "A Semana", "Terra Imatura", "Novidades", "Amazônia", gravando em tôdas ~las traços de sua inteligência viva e de seu humor permanente. Deixou inéditos dois trabalhos: uma volumosa "História da Policia Civil do Estado do Pará" e um livro de "Crônicas", intitulado "Canôa Furada". A sua "História da Polícia Civil" está a merecer a atenção dos poderes públicos estaduais, para publicação e divulgação, tão rica é em informes relacionados, não apenas com aquêle órgão da administração pública, como, também com a História do Estado. Essa obra crescerá de va– lor como o tempo, como repositório de dados de difícil colheita e que o autor conseguiu amealhar em longos anos de pesquisa. Luiz Teixeira Gomes costumava assinar as suas produ– ções literárias com o pseudônimo JAQUES FLORES, que se tor– nou de tal forma conhecido tanto quanto o nome de batismo. Temperamento sereno, simples, alma boníssima, era um escri– tor e poeta tipicamente regional, profundamente amazônico na– quilo que a região pode ter de peculiar. Talvez haja concor– rido para isso o nosso insulamento prolongado do resto do País, no passado; o fenômeno fêz gerar em .Jaques o escritor amazô– nico por excelência, sempre em contato com os humildes os simpl~s, a ,de~cre~e~ c_o~sas_ típicas, c?m uma graça e arte 'que lhe sao propnos, m1mitaveis. Seus llvros estão todos êles con– tagiados dêsse sabor da terra paraense. Côlho em Abguar Bastos observação interessante a res– peito de Jaques Flores: "Vai cantando, como numa conversa as coisas que se passam na Amazônia, as próprias coisas da Ama~ zônia, sem cálculo. Sem atitudes preconcebidas de fazer su– cesso ou de ganhar aplausos. Conta essas maneiras de viver de trabalhar, de produzir, de manter o pitoresco . .. " e mai~ adiante: "É um autêntico maranduêra - aquêle que guardava as tradições orais de nossas tribos". . t f Não tem merec1men os apenas os poetas que escrevem epopéias, dramas co_move.ntes e ~oemas de e~cepcionais pro– porções, 'em alto estilo; tem t~bem_ a sua valiosa significação os que cantam, embor~ e~ r~as ~llllples, os hábitos, os cos– tumes as tradições reg10na1s, cnstalizando em versos sentimen– tos p~pulares. Sua obra possui um~ fina~dade s,ociológica, de estudo do meio, do povo e de sua psicologia. Dai Abguar Bas– tos ter comparado _Jaques Flores aos mar~nduêras indígenas, que na memória gravavam as len~as da_tribo, para transmití– las às gerações mais jovens. Por isso nao devemos subestimar a produção, toda ela muito espontânea, do acadêmico que me antecedeu nesta Casa. -42-
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