Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS Uma capela rústica, pequena, ao pé do morro, entre árvores antigas . . . Outras vozes simpáticas, amigas .. . O luar na aideia. . . as noites de novena ... Os goivos das saudades que passaram ressuscitam, na alcova, à noit_e morta, quando êsses boêmios passam pela porta, cantando essas canções que outros cantaram... Lembram noites de infância... a alma assustada... um tropel. . . um rumor. . . um bater d'asa . .. As goteiras chorando na calçada .. . O caboré gemendo atrás da casa . . . Tudo desperta, no silencio d'alma, quando passam cantando pela rua. Na alcovJ, a insonia ... lá por fóra, a calma . . . E na volupia que do luar transborda, a imagem da saudade branca e núa . .. Certa vez, em pleno Natal, ouviu o poeta o canto mui– to suave que vinha de um presépio ao lado de sua casa. Eram comuns, no passado, nas festas natalinas, as representações po– pulares. Tocada a sua sensibilidade redigiu o soneto NATAL Relatam velhos tópicos sagrados Entre as legendas bíblicas de outrora, Que há dezenove séculos passados, Pernoitára em Belém Nossa Senhora. E nascera Jesús. Rompendo a aurora, Um anjo o anunciára pelos prados. Os pastores cantavam campo em fóra, E adoravam Jesús, maravilhados. E desde então, as turbas renascentes Venhem através dos séculos cadentes Trazendo a devoção tradicional . . . - -40-

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