Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA p ARAENSE DE LETRAS Tanto que, nêsses transes de alegria, o Boêmio carita e, subito, emudece Sob um tédio mortal de nostalgia. É a saudade que acorda . . . A alma que desce à material1dade de um despeito da mágoa antiga que se não esquece .. . Vai o sono de júbilos desfeitos na certeza tristíssima da vida amarga de um desejo insatisfeito . . . A alma do triste é como a ave ferida que desnorteia, e desce, e se debruça nos ramos dos ciprestes, enlanguescida .. . A alma, também, no íntimo, soluça ... E no salão de festa, onde se agita Passa, dansando, uma mulher bonita .. . a horda feliz dos ébrios da alegria. E no fulgor de tanta fantasia ei-la sorrindo. . . e súbito emudece sob um tédio mortal de nostalgia ... Vago mistério da alma que padece O mal latente do íntimo despeito De mágua antiga que se não esquece .. . Reproduzia Elmano em versos as emoções que lhe fa– ziam vibrar a alma e fixava momentos inesquecíveis, como nos versos que apresento a seguir : Não sei por que, nas horas socegadas, comove tanto a música das ruas . . . Parece que, alta noite, essas baladas, relembram coisas íntimas passadas em fases mais ditosas de outras luas. Parece que o cantar do boêmio errante, vai derramando, pela noite afóra, motivos simples de canções de outrora, reminiscência$. de um lugar distante ... -39-

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