Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LE'.J_;RAS vam espontâneamente, ao correr da pena e disso nos dá teste– munho João Alfredo de Mendonça, seu amigo fraternal, que as– sistiu os seus últimos momentos. Pouco antes de morrer Ves– pasiano, no Natal, embora ardendo em febre, quase totalmente derrotado por enfermidade gravíssima, ainda compunha versos, que ao correr da pena jorravam de sua alma como agua de uma fonte, sem impurezas, sem defeitos, naturais, cristali– nos. SOS : Extraio de sua PRECE DE NATAL, os seguintes ver- Tu, que encontraste duros espinhos Que te causaram tortura tanta, Quando vagavas pelos caminhos, Pelos caminhos da Terra Santa; Tu, que, traido, foste levado, Sob o suplício extraordinário, Para, depois, crucificado, Seres no Alto do Monte Calvário; Tu, cujos lábios nunca tiveram, Uma palavra falha de luz, Até o momento em que emudeceram, Quando pregado foste na Cruz; Mestre adorado ! Que hoje tu possas -Hoje, no dta do teu Natal, Olllar um instante as almas nossas Para livrá-las·todas do Mal. De Vespasiano Ramos disse Elmano Queiroz: "Cantou c?mo cant~m os passarinhos, impro~isando harmonias, s~i;n par– titura escrita, mas em arroubos sutis de suave inspiração". E como a ave, que após cantar no horto A • 1 Desfere o voo e parte para o além, Sua alma, ao ver seu coração já morto, partiu como ~ ave que cantou também ! E por falar em Elmano Queiroz, outro ocupante da cadeira n. 40 de que é patrono Vespasiano Ramos e também poeta ! Boqmjlo em sua mocidade deixou poesias que bem exprimem o que lhe ia na alma : · As vezes, quantas vezes, no tumulto Das hordas boemias, no calor da orgia, A ebriez é um rito em que a saudade é um culto ... -38- '
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