Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS Quem diria que êste Vespasiano era o mesmo que es– crevera os versos : Sofri ! Não resta dúvida, sofri ! De outra feita, desejando pedir ao Governador do Esta– do o Teatro da Paz para uma festa cultural, redigiu uma petição em versos divulgada pela "Folha do Norte" de 4 de novembro de 1912: . MENSAGEIRO Um poeta humilde, um simples, um nervoso, Sonhador, que de versos vive cheio Que nada tem de sábio e de orgulhoso, Um poeta muito magro é muito feio, Desejando expandir-se neste meio, Vem, num soneto desharmonioso, O Teatro pedir para recreio Do seu pequeno espírito medroso. E desde já envia o seu prof~ndo E leal cumprimento, em que repousa A gratidão do poeta, que, hoje em dia, Cousa alguma valendo neste mundo, É possível que valha alguma cousa No verdadeiro mundo da Poesia. Morreu aos 32 anos de idade, deixando uma obra poé– tica pouco numerosa, mas de fina lavra. O seu livro "COUSA ALGUMA", com 170 páginas, edição de Jacinto Ribeiro dos San– tos, do Rio de Janeiro, segundo refere João Alfredo de Men– donça recebeu os mais altos elogios de Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Coelho Neto, João Ribeiro, Medeiros de Albuquer– que, Goulart de Andrade, Felix Pacheco e Duque Estrada. Expirou em 1916, no dia 26 de dezembro. Dois dias an– tes ainda escrevêra a sua prece de Natal. Viveu como uni aut_êntico poeta e como poeta expirou, embalando sonhos de um dia cantar em versos a Amazônia. Vespasiano Ramos foi uma estrela de imenso brilho que·se apagou depressa, numa idade em que muitos ainda começam. Sua obra sobreviveu à ação do tempo pela pureza, e alta sen– sibilidade que a caracterizam. Poeta sutíl, seus versos brota- -37-

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