Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA p ARAENSE DE LETRAS Irei brevemente ver dinheiro Nas do Amazonas verdejantes matas. Quando voltar, eu mudarei, ligeiro, Esta impagável vida de solteiro, Plantando milhos e também batatas . .. E era repentista. Colho no ensaio de autoria de Jaques Flores sôbre Vespasiano uma pequena quadra. Desejando que um máu orador, de sobrenome Bessa, deixasse de falar, dirigiu– se em versos a Dejatd de Mendonça : O' Dejard Impeça O Bessa De falar! Ao que Dejard respondeu : Como impedir?! Se o Bessa Desembesta, Não tem mãos a medir ! 1 Vespasiano era assim. Triste quase sempre, no íntimo: por vezes irônico, tudo nêle era motivo para fazer versos. Po· deria dizer como Ovidio que tudo o que escrevia, mesmo quan– do desejava fazer prosa, era poesia ... Ao receber pedidos insistentes de um çredor para gue li- quidasse uma conta, deu-lhe resposta escrita em versos : Caro amigo e senhor, Filomeno, caríssimo credor, Recebi, pelo "Acre" ultimamente, o seu prezado e último favor, de 15 do corrente, ficando, desde já, conscio de tudo, pois que notei, muito devidamente, os seus dizeres, o seu conteúdo ... A carta em versos é longa e termina : Que estilo você tem ! Ninguém, caríssimo credor, . Ninguém, de certo, o sobr~P'!Jª em tal; ninguém, de certo, cobrara tao bem, escrevendo tão mal ! -36-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0