Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS Tú própria não_dirás, assim: Que pena Ter-se tudo acabado entre nós dois ... Depois. . . a viagem de volta. Modesto, sem grandes re·· cursos materiais, não pudera enfrentar a vida da Metrópole . Sua saúde estava a b a 1 a d a. Recolheu-se a um · serin– gai, no alto Madeira, em plena selva amazônica, como um fi– lho que prevendo a morte procura o aconchego dos braços ma– ternos. A Amazônia acolheu-o em seu regaço, já enfêrmo e assim mesmo ainda com planos a fulgurarem em seu cérebro, com a concepção de um poema de grandes proporções, em que can– taria as magnificências e primores da Hiléia ... Definiu-se o próprio autor ao dizer que o seu livro "des– de o primeiro versq ao derradeiro" ora era "tristeza, ora ale– gria". Poeta espontâneo, delicado, um tanto mistico, embora descrente dos homens, nunca perdeu a fé. É muito conhecido o soríeto que reproduzo a seguir : CRISTO O' Sombra! O' Essência! O' Espírito! O' Bondade! Soberano de todos soberanos, Esperança dos ~iseros humanos, Jesús - Misericórdia e Caridade; Cristo-Amôr! Cristo-Luz! Cristo-Piedade! Divino apagador dos desenganos, Tú que te foste há quase dois mil anos, Sacrificado pela Humanidade, Prometeste voltar! Não voltes, Cristo : Serás prêso de novo, às horas mudas, Depois de novos e divinos atos, Porque, na terra, deu-se, apenas isto : Multiplicou-se o número de Judas .. .E vai crescendo a prole de Pilatos ! Mas Vespasiano não era apenas o poeta -suave, lírico e por vezes místico. Muitas de suas produções revelam um alto senso de humor. Quando• viajou para a Amazônia - eis que era filho do Estado do Maranhão -, na época em que a região deslumbrava a todos com a exportação da borracha a alto prê– ço, escreveu êle os seguintes versos : -35-

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