Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS O povo, que em outros centros acompanha a vida cultural, aqui vive em grande parte alheio às tradições espirituais. Faltam– nos aquêles fatôres que tive oportunidade de pôr em realce no início desta oração. Vespasiano, reagindo contra o meio, ainda conseguiu rea– lizar uma viagem ao Rio de Janeiro, onde lançou o livro intitu– lado COUSA ALGUMA. Eis o preâmbulo do livro : COUSA ALGUMA E êste o primeiro livro meu, primeiro Livro de amor que um grande amor um dia Trouxe ao coração forte e ligeiro, Ligeiro e forte na aza da Poesia. Podeis sentí-lo claro e verdadeiro, Palpitando nas folhas da Harmonia, Desde o primeiro verso ao derr~deiro, Ora sendo tristeza, ora alegria. Mostrai, agora, o coração, piedade ! Se aí no vosso coração repousa, Viva, de um grande amor, uma saudade. Lêde estas rimas· todas, uma a uma : Podereis encontrar alguma cousa No livro, que não vale cousa alguma... A sua sensibilidade se revela em todas as suas produções. Ouçamos êste soneto : PELO PARNAfBA Desde êsse dia, sem cessar, maldigo Aquele instante de felicidade: Para que tu vieste ter comigo, Meu amor, minha luz, minha .saudade ? Dêsde que foste, foram-se contigo Todos os sonhos desta mocidade : A tua vinda fôra-me um castigo, E a tua volta uma fatalidade. -33-
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0