Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS segunda, alimentando no espírito mal amadurecido as esp~ran– ças de tantos ideais que se estraçalharam co~ o t~mpo. Se.ntu!!os na pele o fustigar dos ventos que sopraram ae diversas direçoes sôbre êste País desde 1930 até nossos dias; as ascensões e que– das de regime~s, de poderosos,, de. tiranos,. de santos, de. idea– listas e de aventureiros, na seara mternac10nal e na nac10nal. Sofremos em nossa alma ainda juvenil o impacto da segunda guerra mundial (nós que_ nas~emos lo~o ?e pois da primeira) e em seguida o estremeçao amda mais v10lento que abala o mundo de hoje, como o anúncio de um terremoto prestes a de– sencadear-se. Olhamos para o passado e as nossas impressões são um quadro heterogêneo de conflitos sentimentais, aspira– ções e ideais cultivados na gleba mais pura e inocente, ceifa– dos antes do tempo ou destruídos . pela borrasca universal. Acredito que a nossa geração tem missão a cumprir em todos os setores da atividade: trabalhar para que êste País grandio– so, imenso, rico e pobre ao mesmo tempo, em que se encon– tram todos os climas e todas as raças, venha a cumprir o seu verdadeiro destino histórico de Nação líder no trabalho e na inteligência. Talvez ainda poreje destas palavras um pouco dos so– nhos de antanho, não totalmente soterrados pela neve que es– pantam: diffugere nives. . . mas os zéfiros abrandam os nevoei– ros: Frigora mitescunt Zephyris . .. Entro para esta Academia convicto da sua alta significa– ção para as culturas regional e do Pais. É a depositária de uma tradição que vem se avolumando atrayés dos anos. Por aqui passaram hístoriadores, gramáticos, poetas, juristas filó– sofos, jornalistas, altas expressões da inteligência amazônica . . Nêste passo recuso ~itar nomes, tantos são os que deixaram tra– ços inesquecíveis de sua trajetória. Basta acompanhar a vida hístórica dêste silogeu, desde a primeira semente lançada em 1889 - ao tempo ~e Alvares da Costa - até 1913 quando foi fundada a Academ1a e deste ano aos nossos dias, na sucessão dos valores que surgem, em cada geração. Como toda institui– ção cultura~ teve ~la os se~s momento.s de apogeu, apontados por Peregrmo J~~i?r ?º discurs~ aqui pr~nunciado em 3 de maio de 1956: Ja viveu o Para alguns mstantes felizes de esplendor intelectual: prim;iro, coincidindo com a prosperida– de econômica, nos tempos aureos da borracha, quando a reda– ção de um jornal c_~mo a P~OVINCIA aglutináva os maiores escritores do Pará e do Brasil, para a festa gratúita do pensa– mento; depois, já na fase crepuscular do ouro negro, por mi– lagre de um núcle~ solar de poetas e pro~adores, tendo à van– guarda Lucídio Freitas, Alves de Souza, Raimundo Morais e Tito -28-
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