Revista da Academia Paraense de Letras 1964
e t) o o o REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE . DE LETRAS escalas e assistir esta cerimônia, êle que tem sido meu mestre de tôdos os tempos e que ainda continúa a sê-lo, não só meu, mas de muitas gerações,_durante mais de quarenta anos de magis– tério superior e que foi um dos fundadores dêste sodalício em 1913. A sua pena durante meio século esteve sempre a ser– viço de grandes causas nacionais e ainda hoje aponta êrros e traça diretrizes para os homens públicos dêste País. Fui saudado por um acadêmico a que me ligam traços antigos, com raízes na infância e na adolescência, essas idades da vida que argamassam amisades imorredouras. E com êle pos– súo estranhas identidades, surgidas em horas longínquas, tempe– radas no ardor da juventude, quando juntos cursávamos as au– las do então Ginásio Paes de Carvalho, há mais de 25 anos. Ti– nhamas, já àquele tempo, um traço de união: a vontade de vencer. E outro: ambos eramas pobres, uma adolescência em que não colhemos flores, nem muitas alegrias, nem as messes que jorram da cornucópia do destino sôbre muitos rapazes de hoje. E ainda: rasgamos as nossas estradas com as nossas mãos, sangrando às vezes, mas abrimo-las, êle na carreira das armas eu, na advocacia, na vida pública e no magistério supe– rior. Não desprezamos jamais o nosso amôr às letras, em to– das as estradas que percorremos, e hoje o destino nos apro– xima, depois de uma jornada de quase trinta anos ! Que maior alegria poderia eu sentir, nêste momento, e maior emoção, do que esta, d_e ser recebido e saudado (embo– ra O seu coração haja exagerado os conceitos sôbre a minha pessoa), por Jarbas Passarinho, que conserva a pureza de ideais d_e três décadas atrás, como se o sol do verão não houvesse crestado nêles as côres adamantinas da juventude? Há homens que conservam na alma ,ª primavera eterna ou um ete~no ve– rão não importando o numero de anos nem as lutas e dissabo– res' que experimentam. Como Remigio Fernandez êle poderia dizer : A mocidade é qual a natureza Na quádra de verão iluminado, Na apoteose da fôrça e da beleza. E eu bebi tanto sol, desta estação, Que tenho intacto ainda, esbraseado, O divino verão no coração ! · Pertencemos a uma geração inquieta, idealista, mas de– sencantada uma geração que abriu os olhos para a vida assis– tindo O de;abamento da primeira República e o surgimento da -27-
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