Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS devoção de crente) as incontinências praticadas na defesa do ídolo. Foi impressio~ante e respeitável, durante 50 anos, a sua firmeza no ostracismo. Creio que com êle desapareceu o último "lemista", não o mais bafejado nos rápidos momentos de triunfo de que participou, porém, o mais persistente no longo saudosismo do qual nunca desistiu. Nos versos de Mariz - Domus Aurea, Limbo, Cosmo– rama, Nordestinos - há uma tônica descritiva que me parece o seu mérito principal. Ora são dôces invocações da Paraíba: "Nesse feliz sertão que é berço de meus pais E onde nasci, também, num mês que o sol escalda, Quando chove abundante, ao canto dos pardais, Tôda a terra, a sorrir, de verde se engrinalda". Ora, é uma cena de inverno na Amazônia : - "Célere, a chuva desce e tôda a terra alaga E paralisa o ardor da luta pela vida; Nevoso, o rio brame e vai de fraga em fraga, Imitando o grunhido de uma hiena ferida". Na revista da Academia estão as derradeiras páginas de Romeu: - uma sôbre Acilino de Leão, quando os seus despo– jos foram transladados para o Amapá; outra sôbre a Princesa Isabel, quando lhe foi concedida sepultura no Brasil; o registro afetuoso de um jovem poeta paraibano, Perilo de Oliveira; e algumas palavras à memória de Renato Viana. Os últimos tempos de Mariz foram bem o que costumam ser as tristes existências dos intelectuais provincianos. Funcio– nário aposentado da Capitania dos Portos, amparado na velhice pelos filhos, fiel aos livros, aos amigos e às memórias. Entre as tarefas dos anos que precederam sua partida para o Rio, aquela que cumpria com maior devoção era a coluna retrospectiva da "Província do Pará". Quis a Providência que êle vivesse o bas– tante para ver o seu velho jornal r econstruído. E a lembrança com que talvez mais lhe aprouvesse saber encenada esta ho– menagem, é a do Mariz septuagenário, escolhendo na Bi]:>lioteca Pública os tópicos prediletos da Província do "velho Lemos" para, atravessando á rua, republicá-los no grande órgão atual dos Associados ... * * * Quando. soub~ que Jarbas Passarinho e Santana Marques cogitavam incluir-me nesta Academia, confesso que hesitei. No meu raciocínio desfilaram - nítidas, ásperas, contraditórias _ - 277
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