Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS to e Eustáquio de Azevedo que tinha bom estilo, fina "verve", sólida base cultural, mas era um irrequieto, um dispersivo, um diletante. Puro "fin de siêcle" ... * * * De ELADIO DA CRUZ LIMA, nascido em 1900 e morto em 1943, recordo havê-lo recebido algumas vezes, quando au– xiliar do Interventor José Malcher. A impressão que me ficou foi a áe um homem respeitável, inteligente, esquivo e silencio– so. Tinha hábitos aristocráticos: - o "cavaignac", o colete, o jantar de cerimônia à luz das velas, a mansão colonial, hoje transformada no Instituto "Carlos Gomes". Era o primogênito de um invulgar advogado, Eládio de Amorim Lima, de origem pernambucana. Eládio Filho fêz o curso de direito no Rio de Janeiro. Foi laureado e eleito orador da turma, em cerrada disputa com Fábio Olinda de Andrada, que reunia ao mere– cimento próprio a descendência de · José Bonifácio. Deixou, na Procuradoria Geral do Estado e no-Tribunal de Justiça do Pará, um rastro de honradez, cultura e trabalho. Comparando-o ao pai, disse-me Santana Marques: - "Não era, como Eládio Amorim Lima, o homem da polêmica, a mordacidade faiscante, a réplica sempre pronta. Não era o espírito de luta no fôro; era o homem tranquilo de gabinete. Nascera realmente para juiz". Mas não só para juiz. Foi, também, homem de arte e de ciência. Estudou - pintura com Teodoro Braga e mergulhou, com a tenacidade de um alemão, nas pesquisas regionais. Do pintor e do cientista misturados resultou essa obra de rara se– riedade que é o primeiro volume sôbre os Mamiferos da Ama– zônia. A introdução, quanto ao clima, flora, fauna, fisiografia e geologia da Planície, coloca Eládio na série dos melhores estu– diosos da Amazônia, continuador de Humboldt, Agassiz, Bates, Coudreau, Hartt, Gqeldi, Ferreira Pena, Glycon de Paiva, Pedro de Moura. . . Tudo nêsse livro é grandioso e áustero, a come– çar pelo formato e pelo custo, tão alto que sómente o patrocínio de Guilherme Guinle permitiu a publicação. O produto da venda se destinaria aos volumes subsequentes, plano frustra· do pela morte, aos 43 anos, que privou o Pará de um dos seus filhos mais ilustres e esta Academia de· um dos seus membros :mais fecundos. * * * ROMEU MARIZ nasceu na Paraíba, em 77 e morreu no Rio em 62. Ao que r._ude _saber, teve na vida três paixões: - 275 -
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