Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS E a maior prova de que não somos apenas pó e som– bra, nem que a vida ·e uma agitação feroz e sem finalidade, vive aqui, nêste momento, o pensamento, como direi para não pa– recer profano? a alma? o espírito? a luz? a essência? a som– bra? daquêles que construiram esta Casa no passado, que a le– vantaram com as próprias mãos imaginánas, servidas pela in– teligência, e que não morreram de todo, deixando o perfume de suas produções e a verdade de sua obra imorredoura, eter– na. Estão presentes nesta sala, não só os que os olhos vêem, mas os que nos governam talvez mais que os vivos, os que se fo– ram : desde 'vespasiano Ramos, Carlos Nascimento, Tito Fran– co, Ignácio Moura, Frederico Rossard, Artur Viana, Paulino de Brito, Serzedelo Corrêa, Heliodoro de Brito, Vilhena Alves, Re– núgio Fernandez, João Crolet, Raimundo Morais, Acilino de ,-,eão, Terêncio Porto e Eustáquio de Azevedo, até os que os sucederam desde o início do século, assinalando na história da Academia de Letras os anos ,e os dias de glória, como os ma– gistrados romanos c:;ujos nomes, com o tempo, serviram de marcos aos fastos da História. · Com tantos mortos que ainda vivem, alguns que passa– ram pela vida com _a rapidez de um relâmpago como Vespasia– no Ramos, somos forçados a desprezar o conceito do poeta la– tino muito embora reconheçamos, com êle, que as neves desa– parecem díffugere nives; os campos recuperam as suas côres verdejantes e as árvores a sua folhagem, redeunt íam gramina campis arboribusque comae e a terra muda de aspecto, os rios acalmam as suas 01:1da~ e corre~ nos seus leitos, mutat terra vic-es, et decrescentia ripas flumina praetereunt, e já as Graças abraçadas às Ninfas, formam côros de dansa, ' Grama cu.m Nymphis geminisque sororibus au,d,et, Ducere nuda . choros. Olh~ em tôrno. Que vejo? sentados nessas poltronas alguns antigos professores meus, mestres de outros tempos· . diviso também algu~s. colegas de b_ancos ginasiais ; homens qu~ representam o Para mtelectual, vmdos de diversas procedên– cias, de várias geraçõe~, cada qu~ trazendo consigo o alforge repleto de suas produçoes, a colheita farta que a vida oferece aos que trabalham e lutam; todos unidos por um traço comum de identidade: a cultura das letras. Cresce a minha emoção nôste momento, ao vêr ent~e os que têm assento nesta Aca– demia, a figura de meu pai, ~ugusto Meira, ocupante da ca– deira n. 33, que tem a _patr~cm~-~a a de meu avô Olinto José Meira - a figura de meu pat, dizia, que apesar de seus noven– ta ano$. bem vividos ainda encontra energias para subir estas ........ 26..-
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