Revista da Academia Paraense de Letras 1964

DISCURSO DE POSSE DO DR. SILVIO MEIRA Exmo. Sr. ·Presidente e demais membros da Academia Paraense de Letras. · Exmas. Autoridades. Minhas Senhoras. Meus Senhores.~ Não aspires as coisas imortais : é o exemplo que ofe– rece o ano que se escôa célere e as horas que arrebatam os nossos dias mais belos. Esta é a lição primorosa de Horácio na sua Ode a Torquàto: Immortalia ne speres, monet annus et almum quae rapit horo diem. A primavera é dominada pelo ve– rão, que por sua vez expira quando o outono, carregado de frutos, reparte os seus tesouros e logo o inverno volta para ador– mecer a natureza . . . Ver proterit aestas · Interitura, simul Pomifer auctummus fruges effuderit, et mox Bruma recurrit iners. Aspirando a imortalidade e sendo· recebido nesta ceri– mônia pela palavra de Jarbas Passarinho, fico a meditar na eter– na verdade vasada rios versos de Horácio. Não faz muito tem– po, eu e Jarbas Passarinho, esgotamos com avidêz os nossos dias da primavera, numa fasE: agitada de. nossa mocidade. A essa primavera sucedeu o estio, com o ardor de suas luzes e agora vemos o anúncio do outono a nos propiciar a colheita de frutos nessa ilusão passageira que faz da vida uma. agitação feroz 'como a conceituava Manoel Bandeira. uma· agitação fe– roz e sem finalidad~, diz Bandeira. Agjtação f e~oz, sim, sem finalidade não. Desprezamos a conclusao pessumsta do poeta nêsse pas;o identificado como Ho~ácio quando êste exclama: pulvis et umbra sumus. Somos pe e sombra. -25-

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