Revista da Academia Paraense de Letras 1964
DOIS MOMENTOS Quando a manhã surgia no horizonte, Coroando de sol a minha fronte, As flôres me saudavam virginais, Salpicadas de orvalho ... E ao clarão das luzes matinais, Os pássaros gorgeavam no arvoredo ... A natureza vibrava em silêncio e segrêdo ... E eu saudava o sol rubro e fecundo, No despontar da aurora, Iluminando o Mundo! ... Quando a tarde findava e o sol ardente, A luminosa fronte inclinava para o poente, As flôres virginais murchas, choravam, As pétalas, quais lágrimas, pelo chão rolavam ... E os pássaros se escondiam no arvoredo, A sepultar nos seus ninhos o seu medo. A natureza dormia em silêncio e segrêdo, Enquanto o astro imenso decaaente e exangue coloria o horizonte com o seu sangue . . . I E eu me despedia do sol rubro e fecundo, Na penumbra do ocaso, Abandonando o Mundo! ... 23.8.1962. - 253 -
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0