Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Literato em todos os sentidos, era Poéta de alta valia ·e es– crevia romances de grande porte, sendo naquela ressonân– cia principesca de muita mais grandeza do que nesta, di– gamos sinceramente, sem desmerecime;ntos e sem pros~p,ias. Versejador emérito, "servindo brilhantemente tôdas as es– colas", era admirado ·por quantos, embevecidos, sentiam o relampaguar faiscante das vibrações geniais do seu talento dominador. Por ser capaz, estudioso e simples, não se fa– zia rogado às incumbências peculiares, dando-lhes realces preciosos e espontaneidades aurifulgentes·. E, merecida– mente, por ser de tal jaez galgou posições elevadas em nosso ·meio beletrista, galvanicamente esculpido por todo êste Brasil imenso e mesmo fóra dêle, tão forte e tão magnífico como os que mais o sejam no mundo das grandezas espiri– tuais e das sublimidades eletrizantes. Ultimamente, duns meses para cá, naquele rosto pálido e não enrugado e na– quela cabeça leonina, luzidiamente algodoada, not~vam-se vestígios enigmáticos dum padecer secreto, que não escapa• ram às nossas observações, pertinentes, muito embora escon– didos pelos sorrisos melancólicos de seus lábios carnudos e pelo aprumado de suas atitudes esboçantes. Entretanto, não se queixava de cousa alguma, mas já não era o mesmo de outros tempos, retemperado embora pelo seu profundo amor aos estudos folclóricos, incontestàvelmente a sua maior glória, em meio tantas outras dignas de menção! .. . BRUNO DE MENEZES, pela sua cultura e pela sua erudição, de há muito não mais nos pertencia inteiramente, sem, contudo, olvidar tle as suas origens pagãs e sem es– quecer tle o torrão natal, - caboclo amazônico e místico africano em todos os seus pensares e em tôdas as suas proe– minências . E foi por isso, tão só por isso, que não assisti– mos os seus últimos instantes, quando se foi desta, inespe– radamente acometido por traiçoeira enfermidade. Insisten– temente convidado para chegar até Manaus, onde se fez querido e idolatrado, como se fôra filho diléto daquelas pla– gas majestosas, tomava parte em festejos folclóricos, res– saltando seus méritos e dispondo de suas simpatias, com prodigalidades abafantes e bençãos de semi-deus. Já ca– dáver, chorado por uma população inteira, retornou à nossa "ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS", para as homena– gens a que fez jús. E agora, no terreiro das nossas reu- - ·241 -
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