Revista da Academia Paraense de Letras 1964
BRUNO DE MENEZÉS ABELARDO CONDURÚ Artífice impecável da palavra escrita, feiticista sem ser macumbeiro, quase "PAI DE SANTO", nascido no ter– reiro rezador, êle se fez gente de escol, subindo, paciente– mente, os degraus bem medidos da escada formalística de suas aptidões congênitas, umbigadamente africano e letra– damente acadêmico. Vencedor em várias pugnas, fez-se c·ampeão, treinadamente varonil em seus devaneios de crente fervoroso e de cantor apolíneo. Não lhe faltaram, porém, atropelos façanhudos e não poucas foram as decepções en– roscantes no todo místico da sua longa caminhada por ín– vias estradas pedregosas, que entretanto, fizeram d'Ele, por obra e graça de suas virtudes pessoais e de seus atributos prosódicos, - UM BOM e UM LITERATO. A sua intrépida vocação folclórica veio-lhe do berço humilde, sem fraldas ca– ras e sem tratos especializ·ados . Por muito tempo, na sua meninice peralta de moleque desafortunado, teve a rua bu– raquenta por palco das suas tropelias, correndo ·atrás dos bondes chocalhantes e empinando pagagaios coloridos, para as tranças porfiadas, quando o geral soprava nas vadias tar– des domingueiras. Por conta própria, sem empurrões nem castigos, matriculou-se numa escola pública, aprendendo a ler, a contar e a escrever, enroupadamente esfrangalhado e com os pés calejados pisando, aos pulos, brasas ardentes, que lhe esquentavam a alma olímpica, em constantes revoa– das nos páramos cerúleos de suas líricas aspirações em se tornar, o que realmente foi, um autêntico HOMEM DE LE– TRAS. A sorte cigana, -amputando-lhe andejos doutorais, não lhe foi de todo madrasta, em suas bençãos fagueiras e em suas magnitudes disciplinadoras. Casou-se bem ainda , ' jovem, deixando prole numerosa, com expoentes recomen- dáveis e procederes retilíneos. Católica tôda ela e feliz nos seus apegos, as prodigalidades dos ensinamentos persua- ..... 239 -
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