Revista da Academia Paraense de Letras 1964
BRUNO DE MENEZES PEREGRINO JUNIOR · Palavras na sessão do di.a 11 de junho de 1963 na Academia Brasileira de Letras : "Quero solicitar um voto de pesar pelo falecimento de Bruno de Menezes, uma das figuras mais interessantes da litera– rura regional da Amazônia. Perfeito conhec:edor das coisas do Pará, era para os que visitavam Belém um cicerone incompará– vel. Da última vez que estive em Belém, Bruno de Menezes me acompanhou todo o tempo, com um carinho, um devotamento, uma ternura intelectual comovente, e êste homem conhecia tudo do Pará. Tudo que eu sabia, êle sabia e sabia muito mais. Co– nhecia a gente, a terra, os costumes; conhecia as coisas e conhe– cia os mitos. A minha c;oleção de livros de cordel do Pará, que é bem razoável, devo-a a êle. A visita que fizemos juntos ao vei~ o-Pêso, ao Mercado de Ferro, ao Mercado de São Braz, a todos os lugares pitorescos e típicos do Pará, sem êsse cicerone lírico e sentimental não poderia ter sido tão agradável, nem tão pro– veitosa como foi. Mas Bruno de Menezes era sobretudo um poeta. Um poeta realmente interessante, um poeta de uma sin– gular sensibilidade, que envelheceu dentro dos ritos e dos moldes da sua velha poesia, mas com uma deliciosa frescura, uma per– feita autenticidade. Escreveu também novelas sôbre a vida pa– raem,e e foi, sem dúvida, no seu tempo, uma das figuras mai~ importantes da literatura no Pará, uma literatura que já teve sua época de grandeza e esplendor no quadro cultural do Brasil, Eu solicito um voto de pesar pelo falecimento dêste poeta paraen– se que foi Bruno de Menezes, que, embora pou~o conhecido_ aqui, foi um homem que mesmo n~s ~oncursos. _mtE:_restaduais de poesia conseguia sempre as primeiras class1f1caçoes. Recente– mente houve um concurso de poesia na Bahia, onde êle foi pre- - 235 ~
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