Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS "Esta lua convida a escrever tristes poemas ... A noite é de romance; abro a janela ao luar". . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Gosto da poesia de Bruno de Menezes. E, mais, porque não se circunscreve aos versos; alarga-se e revela-se na própria vida do poeta. ltle a faz dôce e comunicativa, o que lhe dá inti– midade c'om as coisas e, assim, delas pode fazer emanar o liris– mo translúcido com· que as transfigura na arte. . . . . "Quantos passos andei nas madrugadas de volta de seu carinho transpirando perfumes da sua carne ! A lua some. Amanhece. Virá o sol saudar as flôres do jardim que ela plantou". . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Cultivando as formas ricas, que trazem um certo sabor de insubmissão lírica, amigo 'das imagens diretas, mas sem desprezar as sutilezas e o jôgo atilado e multifário da inteligên– cia, Bruno de Menezes é o poeta de seu tempo e de sua sensi– bilidade. Tudo que lhe dá o mundo, êle transforma em matéria de poesia. E, fazendo versos, vive a vida, amando nela tudo quanto lhe faz vibrar a imaginação, sempre ávida de nôvo e de imprevistos, para satisfação de sua íntima energia e a impetuosa vivência de todos os seus sonhos. Bruno está entre nós. Ouvindo canções, ouvindo tantãs ouvindo mensag~ns de enrêdo tapuio e de saudades mestiças, n~ alarido de canto, de côr e de luz da nossa terra e da nossa alma. Abracemo-lo, nessa misteriosa fascinação da sua poética e no encanto da sua estesia interior. "Jornal do Comércio", Manaus - 29/ 6/ 63. - 234 -
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