Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS acaso feliz - que é sempre feliz para os Eleitos - concedera a bênção daquela gema. E disse : "Um versejador vulgar, mourejando a vida inteira a forjar versos nos mqldes de tôdas as regras, não lograria nunca incrustar na sua vasta obra aquêle pequenino e luminoso dia– mante". Amo em Bruno de Menezes o traço profundamente hu– mano da sua obra e o congênito pendor para querer bem e não se envergonhar _do que é nosso, colando o ouvido ao pó e ao limo da terra para auscultar-lhe, nas vozes que sobem do "bas fond", a alma nostálgica do Passado, que faz fôrça para subsis– tir, não na expressão alegórica dos símbolos, mas na própria sobrevivênda das tradições. Imbuído dos complexos e singularidades da índole popu– lar, identificou-se com ela e a traduziu em prosa e verso - e perlustrou, tangendo o alaude da Saudade pelas alamedas si– lenciosas das origens, tudo que era nosso e não existe mais . ) porém, vive a florir, melancólic'amente, na evocação dos seus poerrias, cem-por-cento magistrais em "Mãe Preta" e "Pai João". Acredito que Bruno de Menezes, tão flagrante e impres– sivo em seus versos, é um poeta-poeta. E se efetivamente o é não a êle devo dar os parabéns, e sim ao instituto literário qu~ hoje tem a honra de o receber entre seus pares. - 232 -

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