Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA p ARAENSE DE LETRAS Quanta ternura no ar! Quanto amor há no espaço!" Sinto harpàs ·a vibrar nêsse céu muito azul. Saudando a liberdade que se respira no Brasil, cantan– do a tranquilidade de quem não vê, como na Europa, a cada instante a ameaça estúpida da guerra termo-nuclear, termina o soneto : "As tristezas se escondem, não há sombras nem sustos, Não há dores, nem _males, nem lágrimas contidas. • Tudo canta e sorri. Tudo vibra e seduz Nêste céu muito azul, sôbre um mar muito azul. Há murmúrios longínquos nessa brisa que sopra, Nessa brisa que canta há mensagens de amor. Doura o Sol as encostas, há perfumes no espaço. Vêm canções muito amenas dêsse céu muito azul". Na introdução do seu livro inédito de poesias, Sílvio escre– veu: "A poesia que Deus espalhou em todos os recantos da na– tureza está acima da forma. Compreendê-la e sentí-la é dom que nem todos possuem" . Sentindo-a, SfLVIO MEIRA escreveu em versos brancos um belo poema ainda sem título, onde êle revela tôda a reser– va de ternura e de solidariedade humana que há no fundo do advogado especulativo, do professor que P,adece da obsessão de ser perfeito. Compreendendo-a é que Sílvio compôs esta mensagem de fraternal delicadeza : "As estrelas do céu estão caindo em meus braços. Correi vizinhos meu~ ! As estrêlas estão caindo em meus braços, Correi, correi ! Esta vem de longe, de áreas infinitas. É pálida e gelada, Como pálidos e gelados são meus sonhos irrealizados. Est'outra é vibrante e luminosa Arde em meus olhos, radiosa, como um troféu de luz. São tantas e tão belas As estrêlas que se abrigam nos meus braços ! Quero dá-las a todos, Aos que nunca viram uma estrêla de perto. Aos pobres, aos desgraçados, Aos mudos, que não falam, Aos surdos, que não ouvem,
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