Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA p ARAENSE DE LETRAS ... . .. . .. . . . . ........... .. .... Uma tratoria festiva onde se ouvem vozes exóticas, Babélica·s. "Nous irons demain" .............................. "Grazie. . . grazie. . . Súbito". São retalhos de prosa pelo ar. Um violinista toca, mas que toca? "A casinha pequenina", meu Deus! É o Brasil aquí presente. E eu ausente, completamente ausente, Ao fundo festeja-se um casamento. Gritam: "Vivano gli sposi! ". Vibração, alegria. E eu penso na Pátria distante ~sofredora". Por vêzes, mergulha em depressão. E fica amargura– do, depois de ench~r os olhos de beleza pictórica e de sentir as próprias fontes d~ civilização cristã : "Vi o que há de belo ! Mas a nostalgia Seguiu meus passos, lacerou meus votos, Que hoje desfeitos, dispersados, rotos, São retalhos de sonho e fantasia. Regresso enfim! ... De tantas caminhadas Meus passos _vêm cansados das estradas, Que em sonhos loucos percorri em vão! Hoje, só trago mágoas e tristezas, Ilusões perdidas, ânsias, incertezas. A guardá-las~ pequeno é o coração ! A aproximação da Pátria, contudo, varre-lhe da alma o veneno da melancoli?-. Mal enxerga as praias, cura-se de pron– to e inunda-se de ternura : ":tl:ste mar muito azul tem encantos estranhos Tem sereias talvez êste mar muito azul. ' No horizonte sem fim, as águas já são nuvens E as nuvens já são águas no horizonte sem fim. Vento leve ~ cortar pensamentos distantes, As montanha~ se agacham, corcovadas, sombrias. -20-
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