Revista da Academia Paraense de Letras 1964
AS TRf:S COROAS Dia 29 de março de 1963, a Academia Paraense de Letras realizou sessão solene para empossar na poltrona n. 0 40, o dr. Silvio Augusto de Bastos Meira, catedrático da Faculdade de Direito do Pará, que foi saudado pelo acadêmico Jarbas Gon– çalves Passarinho. A propósito da brilhante sessão que o Silogeu realizou na noite daquêle dia, o acadêmico Santana Marques publicou, na "Folha do Norte", de 31 de março, a seguinte crônica, intitu– lada "As três corôas": Na última sessão da Academia de Letras do Pará, tudo brilhou pela presença. A palavra faiscante de Jarbas Passarinho. O verbo de Silvio Meira, lavrado no melhor estilo acadêmico. A peça de Henri Ghéon, no Teatro de Arena, em que Cláudio Bar– radas convoca a nossa sensibilidade para as quedas de Jesús, a caminho do Calvário, que são as nossas quedas no pecado, a Sua morte, que é a morte do próprio homem a naufragar todos os dias nas fraquezas da vida, a Sua ressurreição, que será um dia a ressurreição da humanidade esmagada hoje pelas bêstas do Apocalípse. Mas não foram menos impressivas as três corôas que teceu, entreteceu e desfez, diante dos nossos olhos, a autêntica simplicidade, a inteligência cintilante, a dição dôce e fluente da senhorita Rute Pamplona, em um número de declamação que empolgou calorosos aplausos. A prim~ira corôa é a dos todo– poderosos do universo; curvam-se diante dela as vontades, as consciências empalidecem, para ela o ouro das arcas tem uma rutilância palpitante. A segunda corôa é a das glórias desinte– ressadas do espírito, como de Platão, de Dante e de Vergilio; emurchece com o decorrer do tempo, suplantada por novos es– plendores. Mas a terceira corôa, a dos santos, é eterna; foi posta - 207 -
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