Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS . !{oz:nem que tem vivido para o estudo, espírito sagaz, in– teligencia arguta e l_)esquisadora, robusteceu mais essa tradição, por nunca se ter afastado dos ditames da honra .. . O ESTETA Além de luminar na ciência do Direito, o dr. Elias é tam– bém um espírito, enfronhado nos donúnios da estética. Sabedor dos idíomas latino, italiano e francês, os seus co· nhecimentos das obras clássicas nêles publicadas, fê-lo atingir a uma esfera de cultura acima do vulgar. Os autores dessas obras, os escritores de gênio, tiveram a faculdade de visionar a natureza presente ao seu tempo, corno também a certas partes do futuro. Por exemplo: o caráter, a psicologia, o provável compor– tamento do homem nas sociedades, são facetas que se não alte· ram através dos tempos, porque a alma é eterna. Por isso, Shakespeare disse verdades psicológicas, que tre– zentos anos depois, os antropologistas modernos corno Lornbro– so, Tarde, Lacassagne e Ferri só tem tido o trabalho de con– firmar. Haja exemplo, do criminoso nato ou tarado, que aquêle dramaturgo disse ser desprovido de sensibilidade moral, de pre– caução, que em geral acode aos criminosos de outra espécie. E a criminologia moderna constatou êsse fenômeno em tô– das as suas minúcias. A tragégia "Macbeth" está cheia dessas verdades. Virgilio disse numa das suas grandes obras que os Ger– manos eram um povo ambicioso e cheio de idealismo, mas trai– çoeiro, e usando faltà de escrupulos no s seus artüicios de guer– ra. E .foi o que se viu. Por êsse motivo, o estudo dos grandes clássicos, cujas obras conseguiram chegar até nós, como modelo de sabedoria, natu– ralmente que orna as inteligências dêles providas, de capaci– dade mais poderosa para melhor interpretar, não só os fatos decisivos da História, como o alcance emocional e psicológico dos poemas.. . E o dr. Elias, que tem passado a sua longa vida se abebe– rando de tôdas essas verdades humanísticas, trazidas a lume pelos instrumentos da beleza, - é para os seus contemporâ– neos, duplamente interessante, como individuo portador de cul– tura. Primeiro, pelo vultoso acêrvo de conhecimentos que os seus estudos científicos e artísticos têm-lhe facultado. - 203 -
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