Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Melancolicamente, O rio Ceará-Mirim... E as cheias traiçoeiras, Destruindo as barreiras, Transformando a lavoura em lago extenso, Como um lençol dourado, imenso, Arrastando a fartura para o mar .. . E deixando a tristeza de emboscada, Acocorada, lmpaludada, Nas sombras do pomar. . . " Viajor frequente, tem sentido nas suas fontes históricas as belezas da civilização greco-romana. Embevecido diante dos monumentos que conhecia de ilustração apenas, derrama– se em poesia. Nas "ossadas imensas da Acrópole", deixa-se dominar de súbita nostalgia. Em pleno vôo, de Roma para Atenas, "busca a Grécia! Que ânsia do Infinito!". Nos cam– pos da Itália vê "tapêtes que os séculos teceram" e imagina a "marca indelével das legiões africanas vingadoras de cartagi– neses e númidas". Em Veneza, rebela-se e explode : "Aqui, que rrie seduz? Nem o mar cristalino, Nem o céu nebuloso, Nem a falsa alegria que se expande Nos "ridontorni" de São Marcos. 1 . . . . . . .... .. .... .. . . . .. .... . ... . ... . Em Roma, queda-se em meditações : "Vaticano. 3 horas. "Via dei Corridori". Que mãos construiram essas muralhas Que vejo à minha frente? Que Papa antigo edificou muralhas tão grandes Em defesa da fé ? ... . .... . . . ... . .. . . .. ... . .... . ... . Essas pedras, êsses arcos romanos, essas• armas Gravadas na matéria bruta São testemunhas dos séculos!" Em quase tudo vê a presença da Pátria distante. E pen– sa nela. E sofre por ela, pelas suas angústias, pela indecisão do seu destino. , "Vaticano. 3 horas. "Trattoria del Alfredo a San Pietro". -19-

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