Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS gmra extirpá-la do homem. Cêdo ou tarde a criatura humana reconquistará o direito de pesquisar por si mesmo, sem anto– lhos, sem orientação limitativa, sem restrições impostas em n~ me da cultura dirigida. As Academias cabe o papel transcendental de garantir, na medida de suas possibilidades, o livre exercício intelectual na procura da Verclade. -~Nesta casa, mesmo, já demos provas frequentemente repetidas de tolerância com a ação revolucio– nária e iconoclasta dos jovens. Como salientou por mais de uma vez o poeta Georgenor Franco, o ilustre presidente que acaba de concluir o seu mandato, aqui se premiou mais a poé– tica de vanguarda que a convencional. Não tiveram, os senho– res acadêmicos, a visão distorcida que enxerga com prevenção ·o que é nôvo, o que é revolucionário. Assim continuaremos nós. Abertos para as idéias. Sem qualquer má vontade para com as formas novas. Mas sabere– mos distinguir a arte da sua contrafacção, a pesquisa hones– ta do mero divertimento que apenas substitui, como num exer– cício cerebral, a problemática da vida real por abstrações sim– ples e conclusões simplistas. Aos novos, qualquer que seja o conceito que possam fa– zer da Academia, estendemos os braços. Querêmo-los produ– zindo, se possível, ao nosso lado, mas produzindo, que é o que importa. Tranquilos do nosso papel e do que representamos na cultura paraense, receberemos com senso de humor, que esperamos inalterável, a censura maliciosa ou ·até mesmo o sub· produto do despeito. Mas recolheremos, ungidos de respeito, a critica que traduz honestidade de propósitos. . Deram-nos, os nossos ilustres confrades, a responsabili· - dade maior, que é conduzir a Academia de Letras do Pará. Ade– mais, acresce a essa responsabilidade esta outra não menor de substituir a Georgenor Franco, cuja dedicação à Academia é uma constante de sua vida literária desde que aqui chegou, ain– da muito jovem, credenciado pela beleza de seus versos. Devo– lhe, desde logo, o compromisso de ultimar o trabalho de organi– zação da Biblioteca da Casa, missão que está afeta à inteligência lúcida e à erudição sólida do acad~mico Silvio Meira. Aos nossos prezados confrades prometemos honrar as tradições da Academia, dar-lhe o melhor do nosso esfôrço, con– servar-lhe o renome, e, se para tanto houver fôrça, abrir-lhe novas perspectivas. Só assim conseguiremos agradecer a hon– rosa delegação que nos foi conferida. E Deus nos há de ajudar a fazermos êsse agradecimento". - 197
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