Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA p ARAENSE DE U:TRAS o 1 quadro que lhe feriu a _r~te1;tiv_a de ~enino, salta vivo, pintado nos seus versos de renuruscencia, mais de 30 anos de– pois: "Paisagem da minha infância. Paisagem, Que de sonhos povoa-me a existência ! Longe, vai longe o tempo em que, criança, Meus olhos se nutriam de esperança, Contemplando as tuas côres. Inocência ... Lembro os rios que serpeiam pelo- vale, Cantando os seus amores .. . Os ninhos que avezinhas buliçosàs, Multicores, Tecem nos galhos das madeiras - novas, Volutuosas, Balouçantes .ao vento. E a mata ressequida, Dolorida, Que a inclemência do verão crestou. Paisagem da minha infância, paisagem, Que de sonhos povoa-me a existência ! E as manhãs de sol, radiosas, perfumadas O engenho a mastigar as canas bem nutridas, O alasão companheiro de violentas corridas, Ou de longas e serenas caminhadas, Despreocupadas, Por ínvias estradas, Lagoas paradas, Por vales sen:i fim ..." São mais !ortes, do que se poderia suspeitar, as impres• sões que o sertao do Nordeste deixou na memória e na sensi– bilidade artística de Sílvio. ~este mesmo poema, êle descreve, com incomum beleza, o casano pobre das vilas, 0 riozinho que nada mais é que sanga modesta m~ que, de súbito, salta da calha modesta graçél:S ao temporal mesperado, inunda as ter– ras tala e devasta o solo, faz esboroar barragens e deixa atrá<i o drama e a dor. Assim o diz Sílvio : , "Paisagem da minha inf ãncia, paisagem, Que de sonhos povoa-me a existência ... E as casas, humildes, debruçadas, ' Algumas corcovadas, Contemplando eternamente, -18-

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