Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS dêmico Peregrino Junior, atual presidente da Academia Brasi– leira de Letras, encontrou em _Machado de Assis, n.o seu admi– rável livTO: - "Doença e Constituição de Machado de Assis". Quando Casimiro de Abreu, sentiu a aproximação da morte, "aborreceu-se, porém, dos seus próprios versos e abra– çando a mãe, e apertando-lhe a cabeça contra a sua, beijou-lhe as faces, ( o grifo é nosso) e pediu-lhe com instância que lhe escondesse o livro das "PRIMAVERAS". Reanimando-se er– gueu-se sôbre o leito, fitou em sua mãe os olhos já meios anun– viados pela morte, e com palavras repassadas de melancolia. A mãe que havia corrido a apoiá-lo nos braços, balbuciou en– tre a esperança e a dúvida: - Não, meu filho, não morrerás ainda!. . . O jovem a,lcançou a cabeça, e, com o último sorriso nos lábios, exclamou : - Pois é a ' morte tão temível?" E para maior reconciliação do filho com o pai, "na man– são dos mortos da Vila Barra de São João, outrora aldeia de Ipuca dos antigos Guarulhos, levantam-se dois túmulos notá– veis pela sua singeleza; aí repousam. Casimiro de Abreu e seu· pai". Eu como estudioso da Psicoanálise escreveria o seguin– te epitáfio sôbre a pedra fria do seu mausoléo: - O complexo de Edipo, os separou em vida, mas à morte os juntou na se– pultura. · - 187 -
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