Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS com 20 anos apenas uma vida que êle considerava ainda em– brionária. O desejo inconsciente da morte do "cedro vetus– to", em vez do "pobre arbusto", é o desejo do "Id", em querer eliminar o pai, considerado rival. Convem frisar que essa poesia foi escrita, antes da sua reconciliação com o pai, em maio de 1858, e, seu pai faleceu em abril de 1860, ou seja dois anos depois. Refere Silvio Ro– mero, que Casimiro de Abreu, "não foi só um sentimentalista, qual se diz' geralmente, foi também algumas vezes expansivo e alegre. Esta nota acha-se em "Cena íntima", "Juramento", "Segredos", "Quanto?" Isto é bem possível, que houvesse sido portanto, o poeta da infância, era um tipo psicológico, de ho– mem intravertido (egocêntrico) de acôrdo com a classificação do psiconalista Carl Yung, citada em seu livro - "Psicholo– gishe - Typen", ou "egocêntrico", "ou esquizotimico" (esqui– zoide) de acôrdo com a classüicação de Kretechermer, em seu livro - "Constituição e Caráter" - E como "intravertido", poderia produzir versos, em sentido do "tipo intravertido" como: "A morte", "Meu livro negro", "Na estrada", "No tú: mulo d'um menino", "Quando tu choras" e "Dôres"; e tipo ex– travertido, além dos citados por Sílvio Romero, "Risos", "Vio– letas" e "Borboleta". Isto se observa, porque se identifica em Casi~ro de ~b1:eu, um_ sentimento de "ambivalência", típico do "tipo .esquizoide ' ; tnste e alegre, modesto e ambicioso, tí– mido e audacioso; medroso e valente - Essa ambivalência que caracteriza',Ja o seu temperain1-ento, encontramos não só em sua vida, mas especialmente em tôda sua poesia e prosa, como: "Nasci em. . . Nãq, não digo o nome do lugar onde eu nasci para que? ... hoje, na casa em que vi a luz, moram estranhos' e estranhos não sabem nem podem compreender o encant~ que eu achava ness? pequena casa, para mim a mais bela que todos os palácios do mundo. . . , . Oh! se eu entrasse agora nessa casa, estou certo que ao transpor a porta cairia de joelhos, e que a minha alma trans– bordando de saudade, havia de romper em um dêsses' chôros prolongados e sentidos que revelam uma dôr profunda. . . Não quero entrar nessa casa; far-me-ia mal. .. Oh! meus oito anos. Quem me dera tornar a tê-los! mas, nada, não queria 'l'liio; aos oito anos ia para a escola, e confesso francamente que a pal– matória nãó me deixou grandes saudades, ( o_ grifo é nosso). Sentimos nêsse pensamento do poeta, o sentimento de ambi– valência, tão caracterizado pelo if!lpulso d~ d_úvida, hesitaçã.o e indecisão tão identificado nos tipos esqmzo1des. Essa mes– ma "ambiv~lência d~ pensamento e de sentimento", que o aca- - 186 -
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