Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Nessa risonha manhã! Em vez das mágoas de agora De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã ( o grifo é nosso). ' * * * Livre filho das montanhas Eu ia bem satisfeito, Da camisa aberto o peito. Pés ·descalços, braços nús. * * * Rezava as ·Ave-Marias, À.chava o céu sempre lindo Adormecia sorrindo. E despertava a cantar ! O grande critico Silvio Ramero, fazendo seu comentá– rio, disse "O poeta, na opinião geral, haveria sido uma pobre vítima de rigores paternos; teria sido atado ao poste do co– mércio, como . a um suplicio; teria sido contrariado em sua vocação, maltratado, injuriado, por entregar-se a qualquer lei– tura; não teria recebido educação alguma literária; teria sido desterrado para Portugal a fim de~lhe acabarem ali com as ve– leidades e recalcitrações em poetar. "Não é verdade, que o mancebo não sofresse contrariedades na vida, dessas contra– riedades de menino, de criança, diga-se assim, que intenta se– guir um rumo· que não é precisamente aquêle que a familia deseja. · Nos temperamentos excesslvannente impressioná(l)eis e doentios, ( o grifo é nosso) como de Casimiro de Abreu, as vê– zes essas pequenas lutas transformam-se em grandes pugnas e deixam sulcos inapagáveis. Mas daí a concluir que sua bela infância da Barra de São João, sua estada na poética Friburgo, onde estudou alguns preparatórios, sua residência na esplêndida Rio de Janeiro, onde foi caixeiro estimado, e na histórica Lisboa, onde exer– ceu igual profissão com a mesma distinção, concluir que tudo isto foi o inferno em vida, me parece um pouco exagerado'. Todo aquêle barulho éra apenas pela mór parte um desequiU– brio or_gd.nico e subjectivo, ( o grifo é nosso) estimulado por uma esquisita mania da época. O poeta foi vítima de sua or- - 183
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