Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA P ARAENSE DE LETRAS sões em sua vida. E num dêsses momentos de nostalgia e so– lidão escreveu um admirável ' · Poema: - L'arbre" - (a árvore). . . • . Eu me recordo de uma árvore de mmha mfancia, Que eu plantei quando menino. Cresceu, cresceu indefinidamente, E depois um dia floriu . * * * O muro _da casa de meu avô. A preservava Do vento máu. E amparava-a da luz. * * * Depois de sua primeira flôr, eu tive os primeiros sonhos. Sonhei que comia os seus frutos, Que bons pêssegos. De casca fresca, De suco adocicado, de carne loura, na qual. tinha um caroço. Seu gôsto de amêndoa amarga e sua côr vermelha. * * * Eu deixei a aldeia. E quando regressei .. . Tudo havia desaparecido de meu antigo jardim. Um trigo ainda verde e leve sob o vento. Lentamente se esforçava em crescer para os homens (Tradução do autor) . O regresso de Casimiro de Abreu à infância dominou tôda a sua vida. De outro lado, em Lisbôa, seu país do exí– lio, sentia a nostalgia de seu país natal, o Brasil, que H:ie ins– pirou todos os seus poemas. E a Psicoanáliê_e reconhece sem esfôrço, antes que mais nada, a expressão simbólica de uma nostalgia de sua infância e naturalmente de sua mãe; e, em poucas · palavras, uma atitude de pesar e regresso como observamos em - "Infância" - "Como é bela a quadra da infância, ( o grifo é nosso). Nossa primavera da vida, como na primavera do ano, tudo q~e cêrca são flôres, e perfumes, e tudo que vemos fala e nos sorri .. .
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