Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Quero a terra das mangueiras, E as palmeiras, ·E as palmeiras gentís! (Exílio). * * * Tem tantas belezas, tantas A minha terra natal, Que nem as sonha um poeta E nem· as canta um mortal ! 11; uma terra encantadora, Mimoso jardim de fada. Do mundo todo invejada. Quem o mundo não• tem igual, o grifo é nosso ). Mi– nha terra-. Ainda, no exílio longe da pátria, e num dia de saudades de sua mãe, inspirado nessa criatura que êle idola– trou, escreveu uma de suas mais sentimentais poesias: - Da pátria formosa distante e saudoso. Chorando e gemendo, meus cantos de dôr, Eu guardo no peito a imagem querida. Do mais verdadeiro, do mais santo amor: Minha mãe! Feliz o bom filho que pode contente. Na casa paterna de noite e de dia, Sentir as carícias do anjo de amôres, Da estrêla brilhante que à vida nos guia ! Uma mãe! Por isso eu agora na terra do exilio, Sentado sozinho co'a face na mão. Suspiro e soluço, por quem me chamava : Oh filho querido do meu coração : Minha mãe ! (Minha mãe) . Encontramos na obra de Casimiro de Abreu o mesmo conflito psíquico, que encontramos em Rimbaud, poeta fran– cês, numa conferência que proferimos há sete (7) anos na' Academia Paraense de Letras, sôbre: - "Relações da Psicoa– nálise com a Literatura" - quando dissemos que um dos fa– tôres determinantes das fugas do poeta francês era a "sexua– lização da natureza". Para Rimbaud a natureza apresenta analogias com a mulher, a qual em certo modo a substitui psí– quicamente. Pois como sabemos o poeta de o "Sol e a carne" éra um Uranista", e portador do "Complexo de Edipo". O sen– tido psicoanalitico dêsse poema nos mostra que Rimbaud era um invertido sexual, tanto assim que renunciou definitivamen- - 178 -
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