Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE L ETRAS tão necessária à sociedade, êle vive dos "sonhos em vigilia ... , nos "sonhos noturnos"; quando escritor nos personagens de seus romances, e no·s sintomas de suas neuroses. É justamen– te essa vida que êle gostaria de viver, e que vive através de seus personagens, que a Psicoanálise, analisa e desvenda num es– tudo de "biopsico-patografia "humana", o "caráter " e a "perso– nalidade" do escritor. Os biógrafos modernos, não podem prescindir dos conhe– cimentos da "psicolÕgia" e psicoanálise", porque, só com êsses conhecimentos, êles conseguirão conhecer, o inconsciente huma– no, e, o que êsse "i~êonsciente•:, pode~á influir na vida dos per– sonagens dos escrit<?res, atraves de s1mbolos, revelando-lhes a sua verdadeira personalidade, e a que êles teriam vontade de viver, se não fôsse a austeridade do seu "Super-Ego", exigindo– lhes o recalcamento de seus instintos sexuais", e "esexuais" ; não evitando, dessa maneira, que êsses mesmos instintos, re– calcados, porém, não desaparecidos, possam ser manifestados na vida intelectiva dos escritores e poetas, na arte dos pintores e escultores, dando-lhe dessa maneira a forma primitiva de uma arte inconsciente. E o que vem a ser a arte, meus caros leitores, encara– da psicoanaliticamente, senão como resultado de manifestações psíquicas da fantasia para a realidade ? O próprio Sigmund Freud escreveu : - "Existe um caminho de regresso que leva o homem da fantasia à realidade, que é a "Arte". · O artista é ao mesmo tempo um "Introvertido" (egocêntrico), que se defende da sua neurose. Animado de impulsos e tendências demasiadamente forte, quisera conquistar, honras! poderio, riquezas, glória e amor, mas, como lhes faltam me10s para procurar estas satis– facões; e, como todo homem insatisfeito se afasta da realidade e concentra todo seu interêsse e também sua "libido" nos dese: jos criados por sua ima~inativa vida, êsse mesmo homem insa– tisfeito se afasta da realidade, e concentra todo seu interêsse e também sua "libido" nos _dese~os .criad?s por sua imaginativa vida, êsse mesmo homem msabsfe1to cria a arte na pintura de suas telas, na escultura de seu mármore, no som musical de sua partitura, na poesia e na prosa de seus livros. Muita razao tem Uondim da Fonseca, quando, prefaciando seu livro _ "Ca– milo Compreendi~o" - disse: ''.E. eu entrei nêsse · caminho. Desejando produzir uma o~ra origm~l para o quarto centená– rio de São Paulo, le~bre1-me de b1?grafar Camilo, 0 maior gênio da língua, de acordo com o metodo indicado por Freud e n~nca experimentado em Portugal ou Brasil num estudo com- --- 174 .-
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