Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Não me furto de aqui transsrever duas estrofes das suas TROVAS SINGELAS, em que êle canta.as belezas da mulher ama· da: Da mesma essência que o Eterno, Criando o Sol para o Dia, Fez para o mar a ardentia E para os prados a flôr Ao dar às _àves impumes O ninho afim de aquecê-las, Fez para a noite as estrelas E fez-te p'ra o meu amor. Fui das planícies aos montes; Passei do bosque à savanna; Abandonando a choupana Régias vivendas busquei .. . E desde os áureos palácios A gruta do cenobita, Foste a mulher mais bonita Que em todo o mundo encontrei ... Viram ? - f; a própria Musa que fala pela voz dos ge– nios, sabendo pôr nas palavras os écos profundos do coração .. . Tenho às vezes certas estravagâncias de sonhador. Como seja, levantar-me um Domingo, ao nascer do dia, e assistir ao despertar da cidade nas suas primeiras horas matutinas. Quantidade de gente se dirige aos mercados, e grupos de moças e senhoras demandam às missas. Nessas primeiras horas, antes das 8, a luz que se difun– de pela urbs tem aspectos surpreendentes. É uma claridade dis· ereta, suave, que dá às coisas uma nitidez de pintura nova, ou essas intensidades de luz que tudo ofusca e acinzenta. As casas, as pessoas, as ávores oferecem aparências de belezas humedecidas, como em quadros a óleo cujas telas se ti· vessem submetido a "vernissages". Ia eu pela Avenida Padre Eutiquio, rumo da Praça Ba· tista Campos, a pé, contemplando as nossas belezas urbanas. De repente, ouço: "_psiu! psiu! " Chamavam-me. , 1 Era o meu velho amigo Frederico Rhossa.rd de Lemos companheiro de infância, que procurava um veículo para se con~ duzir à igreja. Frederico, que tem alguns anos a mais do que eu, passou a sua infância em Londres. Mas no seu regresso nunca mais - 163 -
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