Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Ninguém dirá que desta zona filha, Zona onde candente o sol impera, Onde a mulher num simples riso humilha o gaúcho valente como a fera. Ao ver-te fria assún, ninguém dissera Que te deu· fôrças do pampeiro a pilha, Pois, não póde existir a primavera Nos êrmos campos onde o sol não brilha. Do sul as ninfas, quando o amor as doma, Flores - trescalam mais ardente. aroma, Flamas - tornam-se incêndio abrazador. Mas tu que o belo todo em ti resumes, Flôr, - és papoula, pois dás perfume Fogo - és santelmo, pois não tens calor... Algumas vezes, penso que Frederico, como o meu amigo Aluizio Pena, amava o Amor como quem ama o Vicio, o qual se– ria o IQaior incentivo à sua arte. O poeta para ser grande e ultrapassar certas etapas, tem que ter uma preocupação que o torture no imo d'alma, qual o cilicio, que constituia para os santos, o travo agri-doce do martí– rio. Rhossard tinha como objetivo na sua vida aquêle amor absoluto e imenso, porque era sem esperanças de êxito, e d'aí as suas bacanais e. propósitos de se atordoar, que se verificava naqueles antros de elegância provinciana, em companhia de com– panheiros fraternos,· que o eram pelo sentimento da arte. Os anos de 1897, 98 e 99 foram passando, sem que nada de maior modificasse a sociedade paraense, salvo incidentes for– tuitos que tinham por causa a politica. . Na Rua de Santo Antonio, no quarteirão, que é prolon– gamento da Farmácia Cesar Santos, esquina da Travessa l.º de Março; ·havia uma grande loja de fazendas intitulada "Leão da América". Certa vez, subia a dita rua, a pé, o Governador de então, Dr. José Paes de Carvalho. A cisão do Partido Republicano Paraense, estava no cartaz. O Governador apoiava o partido chefiado por Antonio Lemos, e por êsse motivo, o Coronel So– tero de Menezes, oficial do Exército, que comandava, em comis– são, a Policia Estadual, por ser amigo de Lauro Sodré, resolveu romper com o Governador do Estado. E encntrando êste, 0 Dr. - 161 - -