Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS geiras, se exibiam quase nuas, declamando "couplets" singula– res e canções deliciosas. O Polyteama recebia companhias de revistas e comédias, .que davam espetáculos com as casas lotadas. Mas dessa amálgama de gente endinheirada, sobressaia o grupo dos elegantes•filhos da terra, que davam a nota chie, mis– to de boêmios e intelectuais, rapaziada que tinha a preocupa– ção de vestir bem. · ~ Erallli os Mar_gues 4.e. Carvalho, Paulino e Helio~oro ~e Brito, o Jaime Abreu, Francisco Bolonha, Paulo Maranhao, V1c– .torino Cabral, Antonio Macedo, Manuel Lobato, Alfen Pena, os Santa Rosas, Mescenas Sales, os Chermonts, os Engelhards, os Sampaios, Darlindo Rocha, Abelard Silva, os Aguiar, os La-Roc– ques - os bonitões da época, e tantos e tantos, que se obscure– cem nas minhas recordações. Erros devo cometer nestas ligeiras notas fornecidas por amigos vários, tanto que aceitarei corrigendas que porventura me sejam feitas. Era êsse o mundo em que Frederico Rhossard imperava como um beneficiado de Apóio e filho dileto das Musas, o que o era, pela sua portentosa inteligência. Grande e extraordinário poéta ! Numa fotografia que vi em mãos de um seu sobrinho Frederico Rhossard de Lemos, alto funcionário do Ministério da Agricultura, e que não publico por estar extremamente apa– gada pelo tempo, a sua varonil figura aparece diferente do que eu julgava. Era largo de ombros, louro, -nariz aquilino, estatura me– diana, olhos pardos, tipo, ao que me informaram, de aparência cheia de vida e comunicativo. Apenas, de quando em vez, sombreava o seu semblante uma disfarçada tristeza, como se recalcasse uma mágua doloro– sa. · De uma inteligência ativa, era tido como bom profissional, onde quer que empregasse a sua atividade. Conseguia amigos, porque era um bom; tendo a fortuna de nã0 contar invejosos, taivez porque o seu romance indicasse aos seus camaradas que não podia florescer, assim, um talento tão cheio de pesares. ' E o seu pesar era a paixão que o não largava, deixando– lhe a alma livre para outras aventuras. No "Reform Club", na Rua 28 de Setembro, sobrado a . q~e j~ me referi, e que ainda existe, do lado ímpar, é que reu– nia dentre aquêles elegantes os trabalhadores da imprensa. - 159 -

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