Revista da Academia Paraense de Letras 1964
FREDERICO RHOSSARD EOSEU TEMPO Acadêmico MURILO MENEZES Aí, pelas alturas do fim do século passado - 1897 a 1900 - Belém era diferente. O Largo de Sant'Anna, hoje, Praça Maranhão, constituía o ponto de reunião. Era um jardim cercado com um gradil de ferro, que o bom gôsto cem por cento do Intendente Munici– pal Antonio José de Lemos sabia encher de louçaniae garridice, que dava ao aspecto local um toque de jovialidade e modernis– mo. Eram madressilvas, sensitivas, brincos de Nossa Senho– ra, jasmins do Cabo, cataléias, as flores e ramagens que, como chorões, se derramavam pelas cercaduras, enchendo o ambien– te de aromas. O "Café Central" ficava na esquina fronteira, onde está hoje uma joalheria; vasto e mobilado no gôsto apurado, cheios de grandes espelhos, apresentava o melhor salão de bilhares da cidade. A igreja de Sant'Anna fazia frente ao largo, imponente, dando os fundos ao nascente. · Do lado oposto, debruçando para a Rua Nova de Santa– na, se avistava o "Lisbonense", modelo de restaurante modesto, para os empregados do comércio, que às horas de refeições re- gurgitava de freguesia. 1 Alguns sobradinhos, como o "Sol nascente" e outros, a seu lado, se encarapitavam, numa edificação colonial que fazia dó. E os demais prédios circundando o Largo eram de ar- quitetura semelhante, todos no feitio de casebres assobradados. Os bondinhos puxados a muares, com a tabuleta: "São João" encarnada com letras pretas, no alto do veículo, e os que dobra~am na Rua da Trindade até atingirem a Estrada de São - 157 -
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