Revista da Academia Paraense de Letras 1964
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS presso e encadernado pelo prõprio Jaques, na Oficina Gráfica do saudoso Alcebiades Maia, tendo trabalhado como impressor em vários números da "Belém Nova". Preparava 30 exemplares por dia. Assim, por volta das 16 horas, colocava os livros debaixo do braço e tomava rumo do "Café Manduca", onde pessoalmente vendia a cinco cruzeiros o volume. Os que sobravam eram vendidos, à noite, nos bares "Pilsen" e "Paraense", à época, ponto de reunião dos intelec– tuais e da sociedade local. LIVRO DE REABILITAÇÃO Em 1936, lançou "Cuia Pitinga", im~resso no Rio d~ Ja– neiro. Êsse livro, levou Bruno de Menezes a escrever um estu– do literário intitulado "A margem do Cuia Pitinga", editado pela "Livraria Clássica". E Bruno afirma: "Cuia Pitinga" é o nosso livro de rea· bilitação. O seu individualismo, a sua estrutura excepcional, a sua finalidadé irônica representam a reação do amazonense, que calejou sua esperança de melhores dias, e prefere fazer pi– lhéria com as necessidades que sofre a se desfazer em lamú– rias". No "Cuia Pitinga" - salienta o poeta de "Batuque" - entesta-se com o problema da existência quase anfíbia do ca– boclo paraense". E acrescenta: "Jaques Flores não é, tão so– mente, o ta11gedor de uma lira harmoniosa, também vibra.til e afinada em acordes de "culto à verve". A propriedade assina– lável de sua estilística, servida por uma penetrante visão analí– tica dos homens e das coisas, coloca-o ao nível de Lima Barreto, no "Tríste fim de Policarpo Quaresma". As suas crônicas chis– tosas revelam benéficas influências do inigua1ável humorista do "Plebiscito". E conclui o romancista de "Candunga": "Deve-se con– siderar ·em plano definitivamente olímpico o dom poético e o , sóbrio equilíbrio estético de Jaques Flores. O seu lirismo é bem nosso, com acentuada predileção pelos assuntos folcló– ricos da planície". EXEMPLO A SER IMITADO Em 1942, editado por H. Barra, lançou "Vespasiano Ra– mos, em sua vida e sua obra", apresentado por F. Paulo Men– des, que afirma, com a sua autoridade de crítico conceituado• "Este pequeno ensaio de Jaques Flores tem o mérito principal, - 153 -
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