Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE L ETRAS assim comparo as mudanças que a vida ·me ofereceu : Aprendiz de impressor nas Livrari_as "~sc~lar" e "Ta~:i.res ~ardo~o", e operário impressor na Livraria Maranh~nse . Foi por essa época que, assediado por pavo~osa enfe~idad~, quase so~ cha– mado ao reino dos justos. Dizem que nao fui porque nao era justo. Sei lá ! OS VERSOS E O GESTO DE DIONfSIO BENTES Pulei a fogueira, melhor direi pulei a cova (estava pron– tinha à· minha espera ) e fiz adeusinho ao velho cemitérió de Santa Izabel. Já melhorando, houve uma festa literária da re– vista "A Semana", no salão nobre do Teatro da Paz. Em ver– dade, eu não tinha onde cair morto, sem dinheiro, desempre– gado, e sem saúde, somente o amor, o carinho de minha mãe me era tudo na vida. Tomei parte no programa, desincumbi-me do último nú– mero, contando umas lorotas, em prosa e verso para os espec– tadores. Corria o ano de 1925. Logo na primeira fila, entre outras autoridades, estava o dr. Dionísio Bentes, governador do Estado. · Fui protegido pelas musas, fui protegido pelos deuses. E tanto fui que, ao terminar o espetáculo, o dr. Manuel Lobato, então chefe da Casa Civil do Governador, me dava a seguinte alvissareira notícia: "Olha, Jaques, o dr. Dionísio pede que v. vá falar com êle, ai:nanhã, em Palácio, às 10 horas . .. " No dia seguinte - prossegue Jaques - depoi& de me• recer a atenção do Governador, saía eu de Palácio, com um cartão assinado por S. Excia. e dirigido ao dr. Francisco de Pau– la Pinheiro, chefe de policia. Era a ordem para a minha nomeação. Realmente, no dia 17 de setembro de 1925, cá o seu Jaques recebia o título de nomeação para exercer ocargo de 2°. Oficial da Policia Civil. Nesta repartição, mercê de Deus, eu tenho ganho o pão com o suor do meu rosto há perto de 30 anos". Uma vez emp_regado - arrematou o poeta humorista - dei mais vigor aos meus fracos pensamentos literários colabo– rando em todos os jornais e revistas daquele tempo, publican– do trabalhos, em prosa e versos, numa sequência de enfezar leitores". "BERIMBAU E . GAITA" No mesmo ano de 1925, Jaques Flores publicou "Berim– bau e Gaita", livro de versos humorísticos. Foi composto, im- - 152 -

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