Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS comodidade, senão por vocação firme. Quís o seu primo Gene– ral Meira de Vasconcelos, então Comandante da Escola Militar do Realengo, que Sílvio sé interessasse pela carreira das armas. Enviou-lhe um exemplar das instruções P.ara ~ con~urso de ad– missão. Foi a mim que aproveitou o parentesco, já que em minhas mãos veio a ter a preciosa informação, pois que àquele tempo o Exército, tendo uma enorme procura no Rio de Ja– neiro, não se preocupava em fazer propaganda. E enquanto Sílvio ingressava tranquilo no pré-jurídico, eu me matriculava no pré-politécnico, · preocupado com as equações exponenciais e trigonométricas, a geometria no espaço e· as hipérboles que fa– ziam tão temível o concurso para a Escola Militar. Em 1937, parti para o Rio à busca do meu sonhado ve– locino de ouro. Sílvio, pouco depois, ingressava na Faculdade de Direito, cujo curso faria com brilho invulgar, laureando-se. Ainda acadêmico, publicou trabalhos vários nas revistas da época, especialmente em "A Semana". Dirigiu a "Brasileis", órgão dos estudantes de Direito do Pará, cujo título é natural– mente uma homenagem de Sílvio ao poema paterno. Foi cita– do por Eustáquio de Azevedo, entre os novos, da literatura pa– raense. Enviou artigos para a redação do "Jornal do Comércio" do Rio de Janeiro. Com a ilusão do provinciano crédulo, pre– parava sua colaboração e remetia-a em envelope fechado, di– retamente endereçada ao Diretor da folha carioca. Nunca teve uma resposta ou a contestação das remessas. Dezenas de anos passados, já consagrado professor ca– tedrático, Sílvio foi a São Paulo examinar. Visitando as insta– lações da Faculdade de Direito, assaltou-o a curiosidade de ver, no registro de autores, o seu próprio nome. E lá deparou com um velho exemplar do "Jornal do Comércio", onde SfLVIO MEIRA, há bons 25 anos, assinava uma apreciação sôbre Schil– ler... O PRIMEIRO LIVRO É possível que a poesia tenha sido a primeira manifes– tação da sensibilidade literária de Sílvio, mas aos 17 anos o que êle preparou foi um· livro de fundo histórico, à feição épica. É evidente que no espírito do adolescente de 1937 havia forte influência de Paulo Setúbal, da sua veemência verbal, no esti– lo que êle desenvolve no "Sonho das Esmeraldas", antes de atin– gir a beleza serena de que é mostra maior o "Confiteor". Cas– siano Ricardo, em discurso na Academia Brasileira de Letras, -13-

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