Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Mandei buscar da farmácia Remédio p'rá dôr de ausência. Mandaram-me uma saudade Embrulhada em paciencia. Pergunte aos que sabem quanto dói uma saudade. Esta expressão também é do povo e traduz infinitamente tudo. De– fine bem o que é a saudade. Afinal, menina, eu também não sei explicar êsse sentimento, apesar de sentí-lo com as vibra– ções de homem afetuoso. Acredito que a saudade é uma men– tira que se veste em forma de ternura para enganar as ambi– ções do nosso coração. A saudade é uma mensagem invisível que põe em comunicação dois corações, despertando-lhes a an– siedade de tôdas as belas ilusões da vida. A saudade é uma fiôr de ternura que traz nas suas pétalas a carícia do amor dis– ·tante. A saudade é alguma coisa que fala dentro de nós. A saudade. . . ninguém a conhece. Adeus, minha bOa amiga. Eu me sinto feliz por fa– lar-lhe, hoje, mesmo de longe.. Não tenho o coração ensopado de saudades. Tenho ale– gria nos olhos por adivinhar que você é qu_em está -com sau– dades de alguém. Boa noite, dona Saudade ... -141-

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