Revista da Academia Paraense de Letras 1964
FADO DOS TRISTES Séca a fonte tfêsse pranto, já sem luz para brilhar. .. Si teus olhos choram tanto, porque não hei de chorar? Desgraçada a alma que cala A Dôr, que a faz infeliz . .. Maior é a dôr que não fala, a anglÍstia que não se diz . .. * A Lua chorou, Maria, ao vêr-nos enamorados . .. Que a Lua bem q11e sabia que somos dois desgraçados. * Mães, v6s q11e sois luz na Urra, Oh I Mães, deveis abe11çoar : o.r que se vão para a guerra ·e à.r aventuras do mar. O mar é o sangue do mundo. .. Não vereis, de norte a sul, sangue mais nobre e fecundo que.o seu nobre sangue azul. * Fitei-te, aml'i-te, q11erf<la, e embriagou-me o teu o/ltar, .. Serei triste tóda vida, porque me ensinaste a amQr . .. * SEVERINO SILVA Uma cigana do Egíto minha mão de criança leu . .. "Serás grande". ... E hoje medito : - que desgraçado sou eu ! Cigana, tu me mentiste ! Nem tenho paz, nem -amor... Ando mais triste, mais triste Do que a Treva, do que a D/Jr . . . * "Vinde, lágrimas, em bando!" - Ouvi certa yoz cantar - ''Há de ser feliz chorando "Quem nasceu para chorar ." * Caudais de pranto derrama O cégo, e a filha -a seus pés. . . S6 é cégo quem 11ão ama . . . Tu amas - cégo não és. * Riqueza nem tudo encobre . . . Nem tudo a palavra diz .. . Eu sei de um rico mais poúre Que o pol.,re mais infelir.. * Séca a fonte dêsse pranto, já sem luz para brilhar. . . Si teus olhos choram tanto, porque não hei de chorar ? -135-
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