Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACAD;.'.MIA PARAENSE DE LETRAS Em 1911, o caso da eleição de Lauro Müller , desgos– t ava-o profundamemnte, levando-o a não frequentar as ses– sões da Academia Brasileira de Letras. Pretendia dar por finda a vida literária. Entregava-se, nessa época, natural– mente a elaboração de sua "História da L iteratura Brasilei– ra", como arremate e o coroamento de uma carreira, pro– duto da existência de longos anos de crítica literá1ia". O acadêmico Peregrino Junior, em seu bem elaborado trabalho "Veríssimo de carne e osso" diz : "que depois de lhe ter estudado minuciosamente a obra, examinando-lhe e pesquisando-lhe o comportamento pessoal : suas cartas, seus livros de notas, seus documentos particulares, seus gritos ín– timos de aleg-ria e de dor; chegou à seguinte conclusão : "Que José Veríssimo, era -acima de tudo um homem que nasceu, sofreu, amou e morreu, nosso amigo e nosso irmão; um ser organicamente humano, com fraquezas, paixões, dú– vidas e grandezas de verdadeiro ser humano". É êsse nosso coestadano José Veríssimo, que como crí– tico, foi de uma austeridade e severidade sem igual na nossa literatura, que na função de crítico não dispensava nem seus maiores amigos : e, no entanto, na vida íntima de seu lar, foi transigente, coerente, tímido, de grande sensibilidade e emotividade, a tal ponto de lagrimar no cinema quando via o desenrolar de um filme triste . Num trabalho que estou escrevendo sôbre o autor de "Cenas da Vida Amazônica" - procurarei •analisar o seu verdadeiro "Eu", ou seja a sua verdadeira personalidade, e ,as causas prováveis que originaram os seus conflitos psíqui– cos que possivelmente tiveram influência no seu tempera– mento de homem esquizoide, quando em função da própria crítica. · E ao terminar esta minha despretenciosa palestra sô– bre o notável paraense que foi assim caracterizado pelo in– comensurável Rui Barbosa: - "Um mestre da intelectua– lidade brasileira, um dos mais dignos expoentes da civiliza– ção contemporânea, um homem de boas letras e bom gosto, ornamento do seu gênero entre nós, o melhor dos nossos cri· t i cos ( o grifo é meu), eu quero fazer o meu apelo, em nome das letras paraenses, aos homens de govêrno e ao Magnífico Reitor da Universidade do P~rá, _para que lhe se.ia prestada maior homenagem do povo brasileiro ao nosso maior crítico : José Veríssimo, que é reeditar tôda sua vasta obra literária, como herança de sua intelectualidade bem aprimorada, para a mocidade brasileira. Belém, 8 . 11 .63 - 133 -

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