Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS nos, aos domingos de tarde, a austeridade do sacerdócio não tolerava amolecimentos de simpatia". Iniciando-se na crítica militante em plena voga de naturalismo no Brasil, julgou-o com severidade, mostrando como adotamos servilmente os modelos de Eça de Queiroz e a êle identificando os sub-produtos do movimento". Po– deria ter cedido algumas vêzes às "razões do coração", ess_;:Ls razões que a crítica não deve conhecer. Mas a denúncia de Afrânio Peixoto, de que fizera passar o eixo da "História, da Literatura Brasileira", por Machado de Assis, recuando para segundo plano o autor do "-Guaraní", a fim de ving-ar– se de Mário de Alencar, é absolutamente inaceitável, na opi– nião de Brito Broca : "O senso dos valores literários paten– teados por Veríssimo, revela que êle jamais poderia conside– rar Alencar superior a Machado." Ronald de Carvalho diz que "José Veríssimo como crí– tico é de uma honestidade escrupulosa" . Sua inteligência não tem requintes, seu estilo não tem opulência, mas não há num só comentário seu que não sej,a sincero, franco e aber– to". E cotejando os dois grandes críticos, continua o mes– mo escritor : - "Ao contrário de Sílvio Romero, José Verís– simo via apenas a obra e nunca o homem, exaltava ou con– denava o escritor, sem se importar com •a sua categoria so– cial ou mesmo literária". José Veríssimo, que como crítico formou o seu espírito sob a influência dos franceses e ingle– ses, só não atingiu o mais alto grau de crítica, por lhe fal– tar "uma larga intuição dos problemas universais". O poéta Manuel Bandeira, em seu livro - "Noções da História da Literatura" - afirma que José Veríssimo aban- , donou a ficção depois de: - "Cenas da Vida Amazônica" - para entregar-se inteiramente aos estudos e após virite e cinco anos de leituras publicou sua "História da Literatura Brasileira" - que se completa com os - "Estudos Brasilei· ros" e os valores dos "Estudos da L,iteratura Brasileira". Diz ainda Bandeira com requintado tino poético, que José Veríssimo, "não tinha imaginação nem sensibilidade poé- tica, não compr~endeu os simbolstas, e, se louvou os "par– nasianos" fü-lo antes por um esfôrço de imparcialidade, pois as suas preferências iam claramente para os românticos so- . ,, , bretudo para Gonçalves Dias . Sílvio Romero, em sua monumental obra "História da Literatura Brasileira" - publicada em seis volumes, apesar de haver atacado grosseiramente a José Veríssimo, em sua polêmica com êsse escritor paraense, nas "Zeverissimações - 130 -

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