Revista da Academia Paraense de Letras 1964

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS justiça do julgamento sôbre o artificialismo de D'Anunzio (moda da época), o histerismo do "- Jardim des Suplices", de Mirabeau (negando-se a aceitar o romance como obra de arte); a "- Histoire Contemporaine", de Anatole France, e tantas outras "Novidades literárias" da Europa e das Amé– ricas. Teve mesmo o mérito de ser u,m dos primeiros, senão o p1imeiro a fazer a crítica de livros hispa-ame1icanos, em nossa imprensa, frisando muito bem os motivos pelos quais os escritores do nôvo continente não se conheciam recipro– camente. É ainda o autor de : - "A Vida literária no Brasil" - quem nos diz que : - "Uma das mais frequentes acusa– ções articuladas contra o autor de - "Estudos Brasilei1YJs" - é a de não ter ·compreenàido os simbolistas. Sabe-se que foram exageros, as extravagâncias de muitos poétas, dessa escola no Brasil os chamados "Nefelibatas" que concorreram em grande parte para isso. José Veríssimo suspeitava-os de mistificações, e daí o espírito prevenido com que passou a enca1,ar o nosso movi– mento simbolista. Outros juizos também a posteridade não os ratificou. .Assinalou êle, em Bernardo Guimarães, a su– perioridade do poeta sôbre o romancista. Todo mundo con– tinua a ler os romances do autor da - "Escrava Isaura" - e o poeta está inteiramente esquecido. Mas quantas críticas justas, precisas e definitivas ! Se fez muitas restrições a Coelho Neto (cujo processo de reabilitação tantos comentários tem suscitado ultimamente) e apontou-lhe os defeitos; mas considerava, em 1896 - "A Capital Federal" - , "Miragem", "O Morto" e "Sertão", uma contribuição bastante para firmar-lhe o renome em nossas letra§. Mais tarde, poderia acrescentar "O Turbilhão", "Treva" e "Banzo" (publicados posteriormente) e teria dito quase tudo sôbre o escritor". Disse Manuel Lobato, que se achava José Veríssimo no Pará e mantinha relações de família com Marques de Carvalho; trabalhavam com assiduidade amiga na "Arena", revista literária que em Belém circulava quando aquele deu a lume o seu romance "Hortência". O desacordo do crítico não se fez esperar, sincero e franco, não apenas com a es– cola mas ainda com o assunto, inspirado em not.ícia de jor– nal português. . . De nada valeu a amizade, qu os unia, - tão cordial que muita vez me amparou diante da severidade do mestre, em relação à entrada no colégio de alunos inter- - 129 -

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